domingo, 6 de maio de 2012

Últimas palavras de Bento Santiago, o Dom Casmurro: o exame de consciência em seu leito de morte


Caros passageiros:

Fiz um exercício imaginativo sobre o livro que analisamos neste mês, o Dom Casmurro, de Machado de Assis. Coloco aqui a primeira parte dele, para que vocês se sintam estimulados a fazer também o de vocês. Será que Bentinho faria uma reavaliação de sua história se tivesse força, coragem e disposição para empreender um sério e humilde exame de consciência algum tempo depois de ter escrito sua autobiografia?
Escreva também o seu texto e nos mande para publicação!


Um abraço a todos,
Bruno.
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"À beira da morte, sinto-me estimulado a reavaliar, leitor, a minha história, em uma nova e quiçá derradeira tentativa de unir as duas pontas de minha vida. Ficarão registradas aqui as principais linhas daquilo que essa tarefa tem acrescentado à minha já conturbada vida reflexiva:


O leito da morte (1895) - Edvard Munch
Tenho convivido com algumas enfermeiras, que vêm cuidando do que restou de minha saúde; o modo como essas moças tratam os moribundos – como tratamos, nos minutos que antecedem a partida, os parentes distantes que conduzimos à estação, quando sua visita já nos começava a causar contratempos – despertou em mim um sentimento novo: estou finalmente naquela estação tão temida, aguardando o último trem da noite  não desta ou daquela noite, mas de outra maior. Tenho as malas prontas ou esqueci algo? Conseguirei um bom assento? Deus me conduza a um bom descanso! Não me fiz padre; mas, valei-me Nossa Senhora!, sempre nutri grande apreço pelo sacerdócio e pelas coisas da Igreja. O caso é que a voz, aquela voz de gemidos inefáveis, me dizia: serás pai... Na época não desejei com ela entrar em minúcias. É verdade que também não tive tempo. Quando adquiri, com padre Cabral, os rudimentos de metafísica que abriram o meu intelecto a questões de alguma profundidade, não tive fôlego para interrogar a voz; e já não havia tempo: era a tal tarde de novembro  e lá estava José Dias, na sala de nossa casa na Rua de Matacavalos, especulando com minha mãe sobre o meu futuro no seminário.

terça-feira, 1 de maio de 2012

PRIMEIRA ESTAÇÃO: DOM CASMURRO

Na sexta-feira, dia 27, nosso trem parou na estação Dom Casmurro, do Machado de Assis. O encontro aconteceu na Escola Interação, às 19 horas e novamente contamos com uma plateia diversificada, com jovens alunos, adultos e, desta vez, até crianças. Como no primeiro encontro foi citada a lenda do Bicho da Fortaleza, que faz parte do folclore da nossa região, mas era desconhecida de alguns dos participantes, inclusive do Bruno, achamos que seria interessante iniciar o segundo encontro divulgando um trabalho sobre esta lenda. O resultado do trabalho, produzido numa oficina promovida pela Garagem das Letras no ano passado, foi documentado em entrevistas, gráficos, cartazes e versos que, reunidos, compuseram um cordel. Além da exposição destas produções, os participantes da oficina apresentaram o cordel, animando a plateia ao ritmo da canção popular Peneirei Fubá.





Após a apresentação do cordel, a Luzenir, usando slides como suporte, falou sobre a biografia do Machado de Assis, seu estilo e temas que normalmente aborda em suas obras. Para ajudar na análise do livro, falou um pouco sobre o contexto histórico dos anos 1880 / 1900 e as características principais dos movimentos literários da época (Romantismo e Realismo).


Em seguida, o Bruno começou a análise do livro fazendo uma breve introdução sobre a história e apresentando os personagens principais. Depois, passamos à leitura compartilhada dos excertos, coordenada pelo próprio Bruno, que ia fazendo intervenções, ora analisando o texto, ora dando informações que não contavam no trecho lido, no que foi auxiliado pela Luzenir. Aos poucos, o interesse foi aumentando e logo todos começaram a rir nos trechos cômicos, dar opiniões, fazer perguntas e até contar casos, como o Aquiles, que falou sobre sua experiência quando leu o livro aos 14 anos, por coincidência a idade do protagonista Bentinho e, como o tal, também tinha sua Capitu. A leitura compartilhada, além de proporcionar um contato direto com a obra, permite a elaboração de um resumo, dando ao participante que não leu o livro, a oportunidade de conhecer a história. Ao mesmo tempo, os que leram, dão mais opiniões, o que vai ajudando a interpretar melhor a obra.





A prosa estava muito boa, mas o tempo não para... Como houve um atraso, não foi possível concluir a leitura no horário previsto, mas todos concordaram que ao invés de terminar apressadamente, cortando trechos, seria melhor deixar para terminar no próximo encontro, que ficou marcado para sexta-feira, dia 04 de maio.